Quando abrimos nossos olhos no silêncio, olhamos em torno de nós e ouvimos à nossa volta, também os animais e as árvores nos falam, até mesmo a menor, a mais imperceptível das flores.
Mas isso acontece sem ruído, na plenitude do silêncio.
Sim, o grande silêncio é, à sua maneira, poderoso e eloqüente.
Às vezes, dizemos que Deus se retirou e falamos do silêncio de Deus.
Existe alguma palavra que soe mais poderosamente do que esse silêncio?
E, mesmo entre os seres humanos, não é o silêncio, por vezes, a resposta mais clara e elevada, a resposta válida?
Podemos abafar o silêncio com ruídos, mas só por algum tempo.
Ele nos aguarda, às vezes, por longo tempo.
E não conseguimos fugir dele permanentemente.
Bert Hellinger Livro: Pensamentos a Caminho
Essa bela reflexão de Bert Hellinger sobre o silêncio nos convida a uma escuta mais profunda do mundo e de nós mesmos. Ele nos mostra que o silêncio não é meramente a ausência de som, mas sim um espaço carregado de significado e comunicação.
Podemos observar alguns pontos importantes nessa passagem:
A comunicação sutil da natureza: Hellinger nos lembra que, no silêncio, nossos sentidos se aguçam e somos capazes de perceber as mensagens silenciosas da natureza. Os animais, as árvores e até mesmo as flores se comunicam de maneiras que o ruído cotidiano nos impede de notar. Isso nos conecta a uma camada mais profunda da realidade, onde a linguagem não é exclusivamente verbal.
O poder eloquente do silêncio: Ele enfatiza que o "grande silêncio" possui uma força e uma eloquência próprias. Isso sugere que o silêncio pode transmitir verdades e sentimentos que as palavras muitas vezes não conseguem expressar. Há uma sabedoria inerente no silêncio que nos permite acessar um conhecimento mais intuitivo e profundo.
O silêncio de Deus: A menção ao "silêncio de Deus" é particularmente poderosa. Ela nos faz questionar se a comunicação divina não se manifesta justamente nessa ausência de ruído. Talvez a presença de algo maior seja mais perceptível quando aquietamos nossas próprias vozes internas e externas.
O silêncio como resposta humana: Hellinger destaca que, entre os seres humanos, o silêncio pode ser a resposta mais clara e elevada. Em momentos de profunda compreensão, dor ou contemplação, o silêncio pode comunicar mais do que qualquer palavra. Ele permite um espaço para a empatia, a reflexão e a verdadeira conexão.
A inevitabilidade do silêncio: A constatação de que podemos abafar o silêncio apenas temporariamente e que ele sempre nos aguarda é muito significativa. Isso sugere que o silêncio é uma parte intrínseca da nossa existência e que, em algum momento, precisamos confrontá-lo. Fugir do silêncio é, de certa forma, fugir de nós mesmos e de uma compreensão mais profunda da vida.
Em suma, o silêncio nos convida a valorizar esse espaço muitas vezes negligenciado em nosso mundo ruidoso. Ele nos mostra que o silêncio é um portal para uma comunicação mais autêntica com a natureza, com o divino e com os outros, além de ser essencial para a nossa própria introspecção e crescimento pessoal. É um lembrete de que, por vezes, a maior sabedoria e as respostas mais profundas podem ser encontradas não no barulho, mas na quietude do silêncio.